Poema sobre identidade e IA
- Sessão de Psi
- 6 de ago.
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“Não posso deixar de escrever.
Minha identidade mora na minha escrita. Nas palavras inconscientemente escolhidas a dedo pra representar tanto de mim.
As minhas vivências, ou como as conto, denunciam uma linguagem minha, inscrita para além de mim.
Não há máquina, ou suposta inteligência artificial, que consiga acessar a língua de minha mãe que escreve através de meus dedos pelo papel.
Ou da lei de meu pai que aparece em cada palavra devida que escrevo.
Sou os erros de concordância e o vocabulário rebuscado que me atrevo a exibir como se soubesse de qualquer coisa.
Se eu tirar de mim os detalhes dessa expressão, só me sobram frases prontas de vitrines digitais.
E assim serei, eu mesma, dispositivo tecnológico que não sente, não dói, não beija, não opina, não goza, não pensa.
Não existe.
Minha existência não será artificial.”
Poema de Julia Basani Boal
CRP 06.186245

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