O segredo da constância na academia que ninguém te conta
- Sessão de Psi

- 27 de out.
- 2 min de leitura

Quando olhou seu calendário de treinos naquele dia, sentiu-se fracassando. Como iria avançar em seus objetivos com aquela frequência? Até maio tinha conseguido manter um bom ritmo, aquele que tinha definido no ano anterior - no mínimo três vezes por semana. Mas a partir de maio… duas vezes por semana, nenhuma, uma vez… e assim manteve, nessa frequência infrequente.
Seu objetivo era maior, muito importante pra ela - precisava manter o fortalecimento contínuo, após recuperação de lesões físicas, para poder seguir praticando com constância aquilo que amava fazer - dançar! Como iria manter seus objetivos com essa falta de constância? Como teria resistência física para seguir fazendo aquilo que era tão importante para ela? Quando olhou seu calendário de treinos naquele dia, vieram muitos sentimentos e pensamentos. “Todos parecem conseguir, porque eu não estou conseguindo?”“Não é possível que só eu tenha dificuldades, todos tem, então porque eu não consigo como todo mundo.”
Derrota, falha, culpa, desânimo, fracasso, incapacidade - a tomaram por um tempo - se afundando em um oceano de auto julgamento e comparações. Como num respiro repentino, em algum momento no meio dessas águas escuras, percebeu toda a autocobrança e buscou tentar se perceber com mais calma… afinal, não era como se não houvesse motivos para não ter conseguido manter uma constância naqueles meses…
Como num respiro repentino, se lembrou de todos os contextos desafiadores que vinha passando desde maio.. questões de saúde muito graves - físicas e mentais, separações, perdas…. se lembrou do quão difícil foi este período e nem sequer sabia de onde havia tirado forças para seguir com a vida, ainda que “minimamente”. O trabalho, a casa, a dança, as relações, o autocuidado, o dia a dia…. às vezes dando mais conta aqui e menos ali, às vezes mais lá do que aqui, mas sempre buscando equilibrar os pratos mais importantes da sua vida…. inclusive os treinos da academia!
De repente, percebeu que - no meio de todo este furacão - havia conseguido não abandonar completamente seus treinos, havia conseguido manter uma frequência mínima. Seguia avançando nos seus objetivos - inclusive físicos - mesmo que com menos força e velocidade que outrora. De repente, o mesmo calendário que havia despertado tamanha sensação de fracasso, trouxe agora um importante reconhecimento: "e mesmo no meio disso tudo, ainda tive forças para não desistir por completo." De repente, ficou impressionada e surpresa com sua persistência.
Todo fato concreto carrega inúmeras formas subjetivas de serem vistas e interpretadas. A forma como lemos a realidade nos influencia tanto quanto a própria realidade concreta - como interpretamos a realidade traz consequências inclusive na nossa autopercepção e autoestima. Em um mundo que parece trazer tanta comparação com rotinas “perfeitas”, a psicoterapia é um espaço que nos possibilita olhar com mais presença para a vida e fortalecer o próprio entendimento sobre os acontecimentos e experiências da vida.
Nas suas últimas experiências, você vem se cobrando como se fosse um robô, se comparado aos recortes da vida de outras pessoas ou a outros momentos da sua vida... ou vem conseguindo se acolher como um ser humano com suas singularidades e complexidades?
Por Angélica Suzigan
CRP 07.31276





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