E o que você fez? O Balanço Anual e novos ciclos
- Sessão de Psi

- 26 de nov.
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O final do ano, o Natal, é culturalmente apresentado como um momento de celebração, felicidade e, para alguns, de transição e renovação da vida. Mas como essa época reverbera por aí? Em meio ao que é imposto, esperado e idealizado, penso que podem existir muitas questões em torno disso.
A festividade natalina é, em sua essência, um retorno à cena familiar. O contraste entre essa idealização cultural e a realidade das relações familiares — com seus conflitos, perdas, presenças e ausências — pode gerar profundos sentimentos de frustração, culpa e ansiedade. Deparar-se com antigas dinâmicas, relações adoecidas, o sofrimento de não ter vivido o “Natal perfeito”, lidar com a angústia de se sentir deslocado naquele núcleo original...tudo isso pode ser muito difícil.
A virada do ano, para grande parte das pessoas, impõe a prática do “balanço”. Somos convocados a olhar para o ano que passou, medir conquistas e fracassos em relação às metas estabelecidas ou aos ideais que nutrimos para nós mesmos. A passagem do tempo nos confronta com nossa finitude e com aquilo que não foi realizado, evocando a sensação de que “o ano passou rápido demais”, o que muitas vezes funciona como uma forma de evitar o contato com um vazio e de lidar com o que realmente foi possível.
Penso, e aposto, que o sofrimento dessa época pode ser lido também como um chamado. Não à alegria artificial, mas à elaboração. A angústia frente ao ciclo que se encerra e o confronto com a falha da idealização natalina abrem espaço para novas perspectivas sobre esses momentos anuais da vida, permitindo que, talvez, se construa um novo ciclo menos aprisionado às expectativas externas e mais alinhado ao próprio desejo, ao que é possível e ao que faz sentido. Talvez, na escuta desse mal-estar, possam surgir transformações e outras maneiras de construir o que é o Natal e o final de ano para cada um.

Por Ray Caetano
04.60848





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