top of page

Sessão de Psi indica: 2 séries sobre produtividade e exaustão emocional

  • Foto do escritor: Sessão de Psi
    Sessão de Psi
  • há 6 dias
  • 3 min de leitura




Vivemos em uma era marcada por produtividade extrema, hiperconectividade e exaustão emocional. A ficção contemporânea, seja em forma de livro ou série, tem dado voz a esse mal-estar coletivo. Dois exemplos potentes dessa reflexão são a obra "Sociedade do Cansaço", do filósofo sul-coreano Byung-Chul Han, e a série "Ruptura" (Severance), da Apple TV+. Embora diferentes em forma e linguagem, ambas apontam para um mesmo dilema: o esgotamento do sujeito contemporâneo diante de um modelo de trabalho que consome mais do que apenas tempo — consome identidade.


O Sujeito do Desempenho e a Ilusão da Liberdade

Byung-Chul Han descreve como o indivíduo moderno deixou de ser explorado por um sistema opressor externo, como o "sujeito obediente" das sociedades disciplinares de Foucault, para tornar-se um explorador de si mesmo — o "sujeito do desempenho". Este sujeito acredita que é livre, mas vive autoimpondo metas, otimizando-se, sendo multitarefa e, com isso, adoecendo: ansiedade, burnout, depressão são os sintomas da liberdade transformada em prisão.

É nesse cenário que **"Ruptura"** se torna uma crítica visual e conceitual afiada. A série retrata um grupo de funcionários que se submete a um procedimento cirúrgico que separa as memórias do trabalho das memórias da vida pessoal. O resultado? Dois "eus" distintos: um que vive apenas para trabalhar e outro que jamais trabalha. O que parecia ser a solução perfeita para o equilíbrio entre vida e carreira se revela um pesadelo de desumanização e alienação.


O Trabalho como Identidade Fragmentada

Tanto Han quanto Dan Erickson (criador de "Ruptura") problematizam a forma como o trabalho não apenas ocupa nosso tempo, mas define quem somos. Em "Sociedade do Cansaço", o filósofo denuncia como o imperativo da produtividade leva à autoexploração. Em "Ruptura", vemos essa dinâmica levada ao extremo: uma vida partida ao meio para manter a produtividade a qualquer custo.

Se na teoria de Han a separação entre sujeito e ação é psicológica e existencial, em "Ruptura" ela é literal. Ainda assim, os resultados se assemelham: desorientação, perda de sentido, sensação de estar sempre cansado — mesmo quando se está "descansando".


Um Grito Silencioso por Integração

Ambas as obras, cada uma à sua maneira, são um chamado à reflexão sobre a necessidade de integração. Não é sustentável manter uma vida separada entre o "eu profissional" e o "eu pessoal", nem continuar aceitando a lógica do desempenho como único critério de valor.


Talvez o que essas narrativas nos pedem é coragem para recuperar o ócio criativo, o tempo improdutivo, a escuta, o afeto — aquilo que nos faz plenamente humanos.


SINOPSES


 🎬 Sociedade do Cansaço


Baseada no livro homônimo de Byung-Chul Han, esta série documental brasileira, exibida pelo GNT e disponível no Globoplay, explora como a sociedade contemporânea, marcada pela busca incessante por desempenho e produtividade, tem levado a um esgotamento físico e psicológico generalizado. Composta por 10 episódios, cada um aborda temas como trabalho, internet, lazer, padrão estético, remédios, sono, relacionamentos, consumo, positividade tóxica e segurança. A série conta com entrevistas de especialistas como Gilles Lipovetsky, Ailton Krenak e Maria Homem, além de depoimentos de figuras públicas como Serginho Groisman, Mariana Xavier, Pequena Lô e Lumena Aleluia, que compartilham suas experiências pessoais relacionadas a esses temas.



🎬 Ruptura (Severance)


Produzida e apresentada pela Apple TV+, a série acompanha funcionários da misteriosa empresa Lumon Industries, que se submetem a um procedimento cirúrgico chamado "severance", que separa completamente as memórias do trabalho das memórias da vida pessoal. Assim, cada pessoa passa a viver como dois indivíduos: um que só existe no trabalho (o "intra") e outro que vive fora dele (o "extra"). O que começa como uma proposta de equilíbrio ideal se transforma em uma distopia sobre identidade, liberdade e os limites do controle corporativo.




Por Sessão de Psi



 
 
 

Kommentare


Siga-nos nas redes sociais:

  • Facebook - Círculo Branco
  • Instagram - White Circle
Logo (6).png

CNPJ: 48.967.689/0001-54

Elaborado por Sessão de Psi 2023

bottom of page